Igreja

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A Chegada dos Portugueses e Açorianos

bairros de Florianópolis, a Lagoa da Conceição foi a primeira freguesia (termo utilizado pelos portugueses para nomear as vilas administrativas da cidade). Sua fundação aconteceu em 1750, juntamente com Santo Antônio de Lisboa. Antes mesmo da chegada dos portugueses, a Lagoa da Conceição em Florianópolis foi habitada por sambaquieiros e carijós. Há sítios arqueológicos no local onde foram encontradas pontas de flecha e sambaquis que comprovam a passagem desses povos. Mais tarde, já em meados do século XVIII, Portugal começou a colonização da ilha de Santa Catarina como forma de garantir sua posse. Os habitantes da Ilha dos Açores foram enviados para cá. No local ainda existe arquitetura da época colonial. Uma delas é a Igreja da Lagoa, cuja planta de construção precisou ir até Portugal para ser aprovada pela Corte. A igreja, hoje santuário, recebeu um presente diretamente das mãos do imperador Dom Pedro II ,dois sinos que ainda fazem parte do local. Em 1974, a igreja foi tombada como Patrimônio Histórico Cultural. A ocupação desta região pelos açorianos deixou marcas que dão singularidade às características deste povoamento. Desde a arquitetura (sobrados, casarões, engenhos) até a forma de ocupação da terra, hoje demonstram parte do processo de estruturação da antiga freguesia e atual distrito. As imagens da década de 1940, ainda evidenciavam um distrito com características de ocupação rurais e diferentemente de hoje, com poucas construções em sua paisagem.

Criada em 20 de Junho de 1750

Localizada junto ao Morro da Lagoa, num dos lugares mais estratégicos da Lagoa da Conceição, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição foi concluída em 1780, 29 anos depois que o governador Manuel Escudeiro Ferreira de Souza encaminhou a planta do templo para Portugal. O projeto foi aprovado pela Corte portuguesa para ser construído numa das sesmarias do fundador de Nossa Senhora do Desterro (antiga Florianópolis), Francisco Dias Velho. Esta área de sesmaria se tornou a conhecida Freguesia de Nossa Senhora da Conceição. A Igreja sofreu muitas modificações e reparos ao longo do tempo. Em 1847, com a visita do Imperador D. Pedro II, a freguesia da Lagoa e sua Igreja receberam a quantia de 800 mil réis para pagar a custódia de prata anteriormente encomendada. Quando o Imperador voltou do Rio Grande já encontrou a custódia comprada e ficou “plenamente satisfeito com a obra e com o desenho”, conforme ofício do então vigário ao Presidente da Província. Uma nova visita do Imperador aconteceu em 1861, desta vez presenteando o templo com dois sinos, que ainda hoje encontram-se por lá. Apesar de todas as transformações sofridas por dentro, das sucessivas repinturas, a Igreja da Lagoa ainda constitui um bom exemplo da arquitetura trazida pelos portugueses para terras catarinenses. Tanto que em 1974, o então prefeito de Florianópolis, Esperidião Amin, assinou decreto tombando cinco igrejas que representavam a arquitetura portuguesa na Ilha: a Igreja de São Francisco de Assis, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, ambas no centro da cidade, a Igreja de Nossa Senhora das Necessidades, em Santo Antônio de Lisboa, a Igreja de Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão da Ilha e a “igrejinha da Lagoa”, como é conhecida a Igreja de Nossa da Conceição. O ato de tombamento não dá nenhuma nenhuma garantia de perpetuação, mas reconhece o valor artístico, cultural e histórico do monumento. Em 8 de dezembro de 1999, a Igreja Nossa Senhora da Conceição foi elevada à categoria de Santuário. “A idéia de criar um santuário na ilha nasceu do desejo de integrar ainda mais Florianópolis no Movimento de renovação e fé durante o Grande jubileu do ano 2000. Não temos na Ilha nenhum Santuário apesar de termos igrejas lindas e apropriadas”, justifica Dom Eusébio. Além disso, como se tornou necessária a construção de uma Igreja maior e mais próxima à população, surgiu a idéia de transformar em Santuário a Igreja histórica, tão significativamente situada no morro da Lapa. No fim dos anos 80, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, numa parceria entre o município e o Estado, passou por um processo de recuperação arquitetônica. Entre os “ajustes” foram incluídos o telhado, forro, piso, esquadrias, paredes, parte elétrica, entre outras. Em janeiro de 2008, teve início o trabalho de restauração da Igreja Matriz. Num trabalho de cinco meses, foram retirados 1 metro e 90 centímetros de altura do reboco da parte interna que tinha problemas de umidade, raspagem da tinta antiga e pintura de toda a parte interna e externa, além da lixação do assoalho e restauração das imagens sacras. Todo o trabalho foi autorizado e supervisionado pelo IPUF. O custo total da obra foi de R$ 81.134,70, totalmente custeado pela comunidade paroquial através de recursos próprios e doações de benfeitores. A Igreja, bem como seu entorno, estão protegidos pela Lei Municipal nº 2.193, de 1985, que instituiu o Plano Diretor de Uso do Solo dos Balneários da Ilha de Santa Catarina, por considerá-los incluídos em Área de Preservação Cultural tipo Um, ou seja, “área de interesse histórico”.

Tradições e questões relacionadas à religiosidade:

a Tradição oral ou simplesmente a Tradição, radicada essencialmente no testemunho dos Apóstolos à revelação de Jesus, aos quais Ele "deixou o encargo de levar o Evangelho da Salvação a todas as criaturas, testemunho depois assumido" e transmitido integralmente aos fiéis pelos bispos unidos com o Papa. A Tradição "conserva a Palavra de Deus, confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, e transmite-a integralmente aos seus sucessores" (os bispos unidos com o Papa), "para que eles, com a luz do Espírito Santo, fielmente a conservem, exponham e difundem na sua pregação". A Tradição escrita ou a Bíblia, que é o produto do registo escrito da Palavra de Deus, realizado pelos quatro evangelistas e outros escritores sagrados, sempre inspirados pelo Espírito Santo. Inicialmente, antes do seu registo escrito, a Palavra de Deus era apenas transmitida oralmente (Tradição oral). Para os católicos, a Bíblia é constituída por 73 livros, organizados no Antigo Testamento e no Novo Testamento (a palavra testamento significa, neste caso, aliança entre Deus e o homem).

Processo de construção e arquitetura: Rafael e Pedro Borges

Suas paredes usam uma mistura de técnicas de construção: adobe e alvenaria de pedra. Possivelmente, o oleato de cálcio também foi utilizado em argamassa para paredes, fato comum em construções coloniais, principalmente em áreas onde o óleo de baleia era facilmente encontrado, como Santa Catarina. Mantém-se o traçado tradicional comum a quase todas as igrejas da ilha, com a nave e o altar, a sacristia ao fundo; a porta e o buraco redondo de vidro inseridos no frontão triangular, enquadrado por um ornamento curvo, encimado por um ferro cruz, e emoldurado por cantos de cantaria no topo do pináculo. Os alpendres de pedra têm vergas e vergas curvas, feitas em pedra lavrada, e também têm portas estofadas. À esquerda, a torre sineira também é emoldurada por cantos de pedra espiralados. No topo da torre sineira abobadada há um pináculo com telhado de duas águas encimado por um beiral de címbalo. Em frente à igreja, no cemitério, uma enorme cruz